Como mulheres de fé, teólogas, pastoras, ativistas e líderes cristãs da rede TEPALI, lutando por justiça de gênero, nos unimos às vozes de coletivos, movimentos sociais, lideranças e/ou cidadãs e cidadãos em geral, defensores dos direitos humanos e da luta contra todo e qualquer tipo de violência contra as mulheres; por isso, condenamos enfaticamente a Interpelação Judicial,  Processo n° 1007024-14.2020.8.26.0050, Juízo Criminal no Rio de Janeiro, contra Valéria Vilhena, idealizadora/fundadora do coletivo Evangélicas pela Igualdade de Gênero (EIG) y e aliada da rede TEPALI, conforme LINK: 

https://esaj.tjsp.jus.br/cpopg/show.do?processo.codigo=1E00251CP0000&processo.foro=10&processo.numero=100702414.2020.8.26.0050&uuidCaptcha=sajcaptcha_5b0fa9916ec44797a38044b86168f9d

Consideramos que esta representa uma clara tentativa de intimidação e retaliação contra Valéria Vilhena e o Coletivo EIG, em decorrência do encaminhamento de uma carta enviada em 01/07/2020 à Frente de Evangélicos Pelo Estado de Direito (FEED) em forma de exortação em amor, em âmbito religioso/pastoral/espiritual acerca de um procedimento que a EIG entendeu inadequado diante de um caso de uma irmã nossa em situação de violência sexual. 

Como resposta a essa carta, as interpelantes e o interpelante promoveram em 22/07/2020 ação de Interpelação Judicial em âmbito criminal, respondida por Valéria Cristina Vilhena em 48 horas, conforme lei, na Vara Criminal do Ipiranga SP. 

Ao interpelar Valéria Vilhena por ter enviado uma carta admoestadora à FEED, os interpelantes essencialmente pretendem colher provas para um futuro processo criminal por calúnia, injúria, difamação e racismo por parte da interpelada, inibindo simultaneamente toda e qualquer iniciativa cristã de admoestação entre irmãos e irmãs da mesma fé em Jesus de Nazaré.

A interpelação apresentada no dia 22 de julho de 2020 contra Valéria Vilhena é mais um episódio de um projeto de poder patriarcal, machista, corporativista, racista, misógino, heteronormativo, LGBTfóbioco que age sob a cultura do estupro e tenta silenciar as mulheres, especialmente as mulheres negras.

Acreditamos que insistir em aguardar a resposta da justiça humana para manifestar acolhida às pessoas oprimidas, excluídas e violadas por esse sistema cultural, demonstra atitude contrária aos ensinamentos do Evangelho.

Até o momento, não houve declaração judicial do FEED para aceitar ou não a resposta apresentada pelo EIG. O efeito dissuasor que este tipo de questionamento gera põe em risco os princípios da solidariedade e da comunhão entre os grupos cristãos.

Assim, juntamos o pedido de que o interpelante e os interpelantes aceitem ou não, em juízo, a resposta apresentada pelo coletivo EIG, declarando que não há interesse em prosseguir com uma futura ação criminal, pondo fim a este triste episódio, exaustiva e calamitosa, que permanecerá na história desses dois grupos, mas em direções opostas antes do fato! Por fim, aderimos, compartilhamos e procedemos de acordo com a posição do coletivo EIG que sempre foi, é e será, de estar ao lado da vítima, acreditando em sua narrativa e aceitando sua dor de forma sororal. 

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